Corridas de rua voltam a ocorrer no ABC 

Uma das modalidades mais populares no Brasil, provas do esporte passam por adaptações após dois anos de pandemia

Por Carolina Miranda

As corridas de rua fazem parte da rotina de muitos esportistas Brasil afora. Não é à toa que o País é sedia São Silvestre, maior corrida de rua da América Latina. De acordo com dados do relatório de “Práticas de Esporte e Atividade Física”, promovido pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2015, feito em parceria com o Ministério do Esporte, 24,6% dos brasileiros afirmaram praticar corrida e caminhada com alguma frequência.

A modalidade se caracteriza pela simplicidade e inclusão, pois existem pouquíssimos requisitos para a sua prática, e se tornou um estilo de vida para muitos atletas amadores no ABC.

Segundo relatório do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), os números sobre a participação nas corridas são positivos. O levantamento aponta que o número de participantes cresceu 50% no Brasil entre 2013 e 2019 e que as provas de rua movimentaram quase R$ 1 bilhão na economia brasileira.

Organizadores revelam que os custos aumentaram; desafio é não repassar esse crescimento aos atletas amadores | Foto: Divulgação

Porém, a pandemia de covid-19 influenciou as atividades do segmento e desestruturou todo o setor, que agora se vê obrigado a se readaptar ao novo momento.

Sócio-Presidente da Xtry Marketing e Eventos, João Vicente Neto trabalha com a produção de corridas de rua no ABC desde 2014 e relata o que os organizadores estão enfrentando com a retomada dos eventos presenciais. “Muita coisa mudou e todos estamos tendo que nos adaptar. Muitos fornecedores e empresas parceiras acabaram passando por déficits e isso automaticamente refletiu diante das competições. Os valores para nós, como organizadores, atualmente são outra realidade. Não tem nada a ver com 2019 e o início de 2020. Os preços aumentaram muito e também os prazos são outros. Trabalhávamos dentro de um cronograma de ações de compras que hoje eles apresentam outra dinâmica, parece que nós nunca trabalhamos com a produção de corridas”, explica.

Nos últimos anos, o ABC vinha se consolidando como um reduto de corredores amadores e havia grande oferta de provas de rua na região. Por conta da pandemia, muitas corridas foram adiadas e estão sendo realizadas agora, graças ao controle em relação à situação pandêmica, o que faz com que o calendário esteja repleto de opções para os adeptos do esporte.

A retomada positiva desses eventos está sendo possível graças a participação do público, que sentia falta das competições. “Os atletas estavam saudosos de participar presencialmente de uma corrida, sentir aquele clima gostoso, encontrar amigos, trocar experiências, além de poder voltar a vivenciar a experiência como um todo, a emoção da largada com música, com aquela quantidade de pessoas. Então, ficou muito claro para todos, que as pessoas de fato sentiram muita falta desse ambiente de corrida e que estavam todos ansiosos para a retomada”, relata Vicente Neto.

Para o organizador, a maior dificuldade do momento é equacionar as contas dos eventos para que os corredores não sejam impactados com aumentos robustos no valor das incrições. “Nosso desafio nesse momento é conseguir patrocínios, apoios e boas negociações para manter as corridas o máximo possível dentro de valores ‘normais”, finaliza.