Energia do futuro: mobilidade sustentável e carbono neutro 

Boa parte do planeta direciona esforços para acelerar a descarbonização em todos os setores, a fim de mitigar os efeitos do gás carbônico (CO2) na atmosfera e, por consequência, nos efeitos climáticos. Nesse cenário, o setor automobilístico está disposto a contribuir e trabalhar em prol de um planejamento para o futuro do transporte mais sustentável, com foco na redução de emissões de CO2 na produção e na cadeia de suprimentos, enquanto faz a transição para a mobilidade sustentável e o carbono neutro nos próximos anos.

Diante da importância do tema, o Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) realizou um debate no seu podcast, o MauáCast, sobre Energia do Futuro: Mobilidade Sustentável e Carbono Neutro, com a presença de: Renato Romio, gerente da Divisão de Motores e Veículos; Clayton Barcelos Zabeu, professor doutor de Engenharia Mecânica; e João Irineu Medeiros, engenheiro e vice-presidente de Assuntos Regulatórios da Stellantis South America.  

O bate-papo foi ao encontro das grandes discussões dos líderes globais da indústria, que buscam soluções para alcançar a neutralidade climática por meio da fabricação de automóveis “verdes” e veículos neutros em relação à emissão de CO2. “Aqui, no Brasil, temos o etanol, que tem um grande potencial para contribuir com menos emissão de CO2. No entanto, na Europa, por exemplo, não há tantas alternativas de tecnologia, por isso, os países desse continente precisam pensar de forma mais contundente na opção do veículo elétrico a bateria”, destaca Romio. 

MauáCast

A indústria automotiva reconhece o seu papel no combate às mudanças climáticas e a necessidade de proporcionar experiências de direção mais limpas, seguras e sustentáveis, centradas na proteção do clima. Contudo, os especialistas foram unânimes em afirmar, durante o MauáCast ,que deve haver a participação de outros setores para dar continuidade ao processo de descarbonização, pois o de transporte está em quarto lugar entre os maiores emissores de carbono.  

“Vale lembrar que, até os anos 80, tivemos o Programa Proálcool, que, na ocasião, tinha como função diminuir a dependência de produtos derivados do petróleo, devido ao alto valor de mercado. Porém, agora nosso etanol tem papel fundamental na diminuição do CO2. Certamente o carro elétrico é uma boa alternativa no futuro, mas atualmente ele irá entrar no mercado brasileiro via importação e isso trará pouquíssimos benefícios tecnológicos para o País. Por isso, acredito que no momento o etanol é a melhor opção para diminuir rapidamente a emissão de CO2 e popularizar os veículos eletrificados por meio da hibridização, criando, assim, um mercado interno para a eletrificação. Adicionalmente e não menos importante, um veículo híbrido bicombustível pode ser oferecido ao mercado por valores bem menores que os elétricos a bateria e isso favorece a renovação da frota, além de reforçar a indústria automotiva”, explica Romio.  

O Prof. Clayton Zabeu lembra que o continente africano, por exemplo, tem uma área muito extensa e, logo, abastecê-lo com veículos elétricos pode demorar muito mais em relação ao resto do mundo. “Até por volta de 2050, a frota mundial de carros elétricos será de aproximadamente 30% do total de veículos em circulação. Portanto, esse processo será muito lento, até mesmo devido aos altos custos, mas que naturalmente vai acontecer. Por isso, durante essa transição, não podemos desperdiçar a tecnologia do biocombustível, ou seja, dos combustíveis líquidos, e até mesmo do hidrogênio, que converte energia potencial de um combustível em eletricidade, por meio de uma reação eletroquímica”, conclui o especialista. 

16 de junho de 2023