Indústria Química apresenta desafios e o panorama para o setor no ABC

O auditório Braskem, em Santo André, recebeu nesta segunda-feira (02/10) o seminário “Futuro da Indústria Química no ABC”. A atividade reuniu representantes dos governos municipais, governo federal, parlamentares, empresas, classe trabalhadora, universidade e associações para ouvir as necessidades, dificuldades e desafios enfrentados pelas indústrias do setor.

A relevância da Indústria Química para o Brasil, estado de São Paulo e ABC foi o ponto de partida para o debate realizado pela Agência de Desenvolvimento Econômico. A necessidade da cooperação entre os diversos setores da sociedade é necessária para enfrentar o encolhimento do setor, que apresenta déficit na balança comercial (US$ 63 bilhões em 2022) e queda no número de empregos, conforme apresentado pela Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química) e DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Para o presidente da Agência, Aroaldo da Silva, a atividade fortalece o objetivo do estabelecimento de um Pacto Regional. “A partir das tendências, refletimos como vamos atuar com o Polo e com as demais indústrias no setor instaladas na região. E o mais importante, ouvimos as empresas para definirmos ações e organizarmos o Pacto pelo Futuro da Indústria na região”, comentou o presidente.

A Frente Parlamentar em apoio à Indústria Química e Farmacêutica de SP esteve atenta às demandas e na articulação por soluções. “A Indústria Química sofre um grande ataque. Essa reunião é muito importante para que possamos dar as mãos e não só salvar o setor, mas fortalecer cada vez mais a Indústria das Indústrias”, comentou o deputado estadual e presidente da Frente, Luiz Fernando. Também participou o deputado Rômulo Fernandes e a deputada Ana Carolina Serra, que integram a Frente.

Entre os desafios apontados pelas empresas, está a necessidade de Leis de Zoneamento, da adequação dos planos diretores nas cidades visando a segurança jurídica do Polo Petroquímico do ABC e outras áreas industriais. “Se não tivermos em nossos planos diretores a restrição de construções verticais próximas ao Polo, corremos o risco desta planta ir embora da região. Daí, não adianta um debate como este se não tivermos mais o Polo aqui no futuro”, comentou o prefeito de Mauá e presidente do Consórcio ABC, Marcelo Oliveira.

O aumento nas importações no setor também dificulta a competitividade. “Estamos sofrendo um forte ataque de produtos químicos feitos em outros países. Registramos um aumento de quase 70% no volume de produtos químicos importados, gerando uma queda de preço de 30%”, comentou o presidente da Abiquim, André Passos. A diretora de Relações Institucionais da Braskem, Renata Bley, também detalhou sobre esse encolhimento: “Nós temos encolhido ano após ano. Como é de conhecimento, não existe um país sem uma Indústria Química forte, pois estamos na base de todos os segmentos, sem exceção”, disse.

O governo federal mostrou preocupação com o setor. “Após a restauração do Conselhão, a nossa missão é fomentar a discussão com diversos atores que atuam no desenvolvimento, e entendemos que a presença do governo federal neste seminário é uma extensão desse trabalho”, comentou o assessor da Secretaria-Executiva do Conselho Econômico, Social Sustentável, Tiago Nicácio Pereira.

“É necessário ouvirmos os empresários para entendermos a necessidade e darmos sequência a esse trabalho junto aos governos, movimento sindical para construirmos uma Indústria forte”, detalhou o presidente do Sindicato dos Químicos do Grande ABC, José Evandro Alves da Silva. “É um momento histórico ver tantas autoridades discutindo o Polo, encontro fruto de um Comitê Gestor que discute soluções”, disse o gerente-executivo do COFIP ABC (Comitê de Fomento Industrial do Polo do ABC), Francisco Ruiz.

Entre os encaminhamentos da atividade, está a conexão do debate com as políticas industriais que estão sendo articuladas nos governos estadual e federal, assim como com as políticas de Arranjos Produtivos Locais nos municípios. O debate da inovação e um programa consistente fruto de um Pacto entre as universidades também está entre as demandas, assim como a discussão de um Plano Regional de Mobilidade para debater questões logísticas e de infraestrutura. Formação, qualificação profissional, debater a infraestrutura de instalações elétricas, reconhecimento de Polos industriais, revisar prazos de renovação de licenciamentos, sustentabilidade ambiental e fortalecer a governança regional são outros itens que devem ser encaminhados pelos atores. 

O seminário contou com o apoio da Abiquim, Cofip ABC (Comitê de Fomento Industrial do Polo do Grande ABC), CGG (Comitê Gestor de Governança do Polo Petroquímico do Grande ABC), Frente Parlamentar, IDQ (Instituto Nacional do Desenvolvimento da Química) e Sindicato dos Químicos do ABC. Entre as empresas participantes estiveram: Cabot, Unipar, Poliembalagens, Splas Ind. Quim., Vitopel, Lubraquim, Oxiteno, Oxicap, Petrobrás, Chevrom, Akzonobel, entre outras.

3 de outubro de 2023