Indicador de Registros de Inadimplentes sobe 5,3% em 2023 na análise de longo prazo, mas recua 6,8% na análise dessazonalizada

O número de registros de inadimplentes encerrou o ano de 2023 com alta de 5,3% em relação ao ano anterior, de acordo com dados da Boa Vista. Contudo, mais do que o resultado em si, a tendência na curva de longo prazo do indicador, medida pela variação acumulada em 12 meses, é bastante positiva. O indicador, que no final do ano de 2022 apontava alta de 19,9%, chegou a marcar alta de 22,4% em março, quando a partir de então viu esse crescimento desacelerar, sobretudo durante o 2º semestre do ano passado, até a leitura mais recente, de 5,3%.

Esta percepção positiva fica ainda mais clara quando analisados os resultados verificados mês a mês. Em 2023 foram observadas oito quedas na comparação mensal segundo os dados dessazonalizados da Boa Vista, que abrangem todo território nacional. Em dezembro o indicador recuou 0,9%, mas no 2º semestre o recuo foi de 7,8%. No ano, o indicador dessazonalizado caiu 6,8%.

“A evolução do indicador antecipou muito de perto a tendência de queda na taxa de inadimplência, que não foi devida somente ao ‘Desenrola’, apesar dela ter ficado mais evidente somente no 2º semestre, mas principalmente ao fato de que os fatores condicionantes melhoraram muito. Os números do mercado de trabalho foram muito bons no ano passado, a taxa de desemprego recuou de forma consistente e a renda média cresceu em termos reais. Em termos de renda pode-se até dizer que a melhora ainda não foi plena porque a renda real não encerrou 2023 com uma alta capaz de cobrir as perdas de 2021 e 2022, mas é importante lembrar que ela já está acima do nível de 2019, lembrando que em 2020 ela subiu, mesmo num período de crise, devido ao maior desembolso do governo em auxílios durante a pandemia. Além disso, o endividamento e o comprometimento da renda estão melhorando gradualmente. Soma-se a isto uma inflação, até aqui, sob controle, uma tendência de queda na taxa de juros e, por fim, a postergação do ‘Desenrola’ por mais três meses, até março, o ano de 2024 começa com boas expectativas para a inadimplência”, avalia Flávio Calife, economista da Boa Vista.

Recuperação de Crédito do Consumidor
Já o Indicador de Recuperação de Crédito da Boa Vista registrou crescimento de 21,6% em 2023 na comparação anual. O indicador subiu 1,2% em dezembro na comparação mensal dos dados dessazonalizados, além de apresentar mais uma variação expressiva na comparação interanual dos dados originais, de 29,2%. 

Com estes resultados a Recuperação de Crédito finalizou o último trimestre de 2023 com alta de 7,7% contra o 3° trimestre na série dessazonalizada. Em relação ao 4° trimestre de 2022 o desempenho foi mais expressivo, alta de 29,0% na série original. Tais resultados, no entanto, não foram suficientes para acelerar ainda mais curva de longo prazo do indicador no encerramento do ano, que manteve um ritmo de crescimento da análise acumulada em 12 meses na marca de 21,6%. 

“A recuperação de crédito segue forte, mas a falta de aceleração no crescimento pode ajudar a justificar as mudanças no programa de renegociação de dívidas do governo. Mais do que o prazo, estendido por mais três meses, as condições foram flexibilizadas para que mais pessoas sejam elegíveis ao programa, de modo que seria esperada uma melhora no número de recuperação nos próximos meses”, finaliza o economista da Boa Vista.

Metodologia
O indicador de registro de inadimplência é elaborado a partir da quantidade de novos registros de dívidas vencidas e não pagas informados à Boa Vista pelas empresas credoras. As séries têm como ano base a média de 2011 = 100 e passam por ajuste sazonal para avaliação da variação mensal. A partir de janeiro de 2014, houve atualização dos fatores sazonais e reelaboração das séries dessazonalizadas, utilizando o filtro sazonal X-12 ARIMA, disponibilizado pelo US Census Bureau. 

O indicador de recuperação de crédito é elaborado a partir da quantidade de exclusões dos registros de dívidas vencidas e não pagas informados anteriormente à Boa Vista pelas empresas credoras. As séries têm como ano base a média de 2011 = 100 e passam por ajuste sazonal para avaliação da variação mensal. Em janeiro de 2014 houve atualização dos fatores sazonais e reelaboração das séries dessazonalizadas, utilizando o filtro sazonal X-12 ARIMA, disponibilizado pelo US Census Bureau. 

24 de janeiro de 2024