Especialistas, trabalhadores e governos se reúnem no ABC para debater rumos e impactos da descarbonização

O ABC recebeu, nesta terça-feira (30/01), um debate sobre os rumos e impactos da transição energética e descarbonização na mobilidade e na sociedade como um todo. O seminário, realizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, contou com o apoio da Agência de Desenvolvimento Econômico Grande ABC.

Gestores públicos, especialistas, trabalhadores e trabalhadoras estiveram reunidos para debater a questão, que é irreversível, aponta o presidente dos Metalúrgicos do ABC, Moises Selerges. “Esta é uma questão irreversível, uma realidade que nós precisamos discutir com a obrigação de deixar ao futuro um planeta melhor não só para nós, mas para as próximas gerações”, comentou Selerges.

A forma com que essas transformações afetam a cadeia produtiva e os empregos na região também foi pauta na discussão, assim como os impactos sociais, ambientais e na mobilidade. Para o presidente da Agência, da IndustriALL-Brasil e diretor no Sindicato, Aroaldo da Silva, a região deve se apropriar da pauta. “Cada dia uma catástrofe diferente e qual é a nossa tarefa? Agora, se apropriar desse debate, é preciso conhecer os rumos e impactos que teremos nos próximos anos”, disse Silva.

A atividade contou com representatividade regional e nacional. Ainda na abertura, o representante do Ministério das Cidades, Denis Eduardo Andia, destacou a preocupação do governo federal com o tema. “Fazer a transição energética e pensar a descarbonização de forma alguma pode estar desatrelado dos outros fatores. Nada neste governo é feito sem levar em conta a pilastra que sustenta todo o nosso país, os trabalhadores. Há um grande esforço do governo no que diz respeito à reindustrialização que traga a descarbonização, transição energética e novas tecnologias, mas mantendo empregos”, comentou Andia.

Além de Selerges, Silva e Andia, participou da abertura o presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, Marcelo Oliveira, o prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior, o presidente da CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT), Loricardo de Oliveira, o deputado estadual Luiz Fernando e o reitor da UFABC (Universidade Federal do ABC), Dácio Matheus.

 Já no primeiro painel da atividade, a pauta foi a transição energética em perspectiva nacional. Na ocasião, os biocombustíveis e o hidrogênio verde foram citados como uma das soluções na descarbonização, que é um caminho sem volta e com grande influência na Indústria. “O Brasil possui um mercado de fabricação de ônibus com produção anual de 30 mil unidades. Assim, há base para o desenvolvimento de uma indústria nacional de ônibus com células de combustível a hidrogênio”, José Sérgio Gabrielli, representante do INEEP (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

Nesse sentido, uma política industrial é necessária para gerar pesquisa, investimento, emprego e renda. “Abrir esse diálogo da transição energética e descarbonização à classe trabalhadora é um dos nossos principais objetivos para fazer política industrial neste país, pensando na geração de emprego e renda. Para fazer isso o investimento é muito grande e precisamos discutir isso com a sociedade”, disse Uallace Moreira, representante do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), ao fim da primeira mesa.

Já no período da tarde, o segundo painel discutiu as rotas alternativas para o Brasil no tema. Para Luciano Coutinho, representante da Fiesp (Federação das Indústria do Estado de São Paulo) e LCA Consultoria, diversas rotas podem ser combinadas. “Eu tenho a percepção de que o complexo automotivo brasileiro pode se reestruturar combinando rotas, passando por veículos híbridos, criando caminhos novos para os veículos pesados, que são os principais poluidores. Inclusive, eles podem também ser portadores de novas combustões”, disse Coutinho.

Ao fim do segundo painel, o diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, comentou sobre o papel dos trabalhadores no debate. “O seminário mostra a intenção do Sindicato em trazer diversos atores, incluindo academia, poder público e empresários, a fim de criar um diálogo para discutir quais as melhores alternativas para o desenvolvimento tecnológico, econômico e social deste país”, finalizou Damasceno.

 Além da Agência, o encontrou contou com o apoio do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), IndustriALL-Brasil, UFABC e CNM-CUT. Participaram também representantes do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), AutoData e Barassa e Cruz Consulting.

31 de janeiro de 2024