Em entrevista exclusiva à Negócios em Movimento, um dos principais nomes do PT em São Paulo revela que a volta do imposto não está na pauta do partido
O presidente estadual do PT em São Paulo, Luiz Marinho, foi categórico ao afirmar que o imposto sindical não será reeditado em um possível novo mandato de Lula. A declaração foi dada durante entrevista aos jornalistas do portal Negócios em Movimento na manhã de ontem (3).
Ele criticou a Reforma Trabalhista feita em 2017, sob a gestão de Michel Temer, que, segundo ele, “foi destrutiva aos trabalhadores”. O petista confirmou que é vontade de Lula e do PT rever algumas medidas que foram implementadas na Reforma de Temer, mas garantiu que a volta do imposto não está em pauta.
Marinho foi ministro por duas vezes nas gestões petistas (ele comandou a pasta da Previdência Social e o Ministério Trabalho e Emprego) e presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Atualmente, é um dos nomes influentes do partido em São Paulo e possui grande proximidade com o ex-presidente.
Na visão de Marinho, é preciso fortalecer os vínculos empregatícios e as instituições representativas, tanto de trabalhadores, quanto do empresariado. Em relação aos sindicatos dos trabalhadores, ele defende que a sustentabilidade sindical deve ser garantida por meio de uma “taxa negocial”. Assim, de acordo com ele, os sindicatos que, de fato, possuem representatividade se consolidarão sem a necessidade do imposto sindical e aqueles que não tiverem o apoio da sua respectiva classe deixarão de existir naturalmente.

Uma atualização da legislação trabalhista brasileira voltou à tona após Lula utilizar as redes sociais para elogiar a revisão da Reforma Trabalhista na Espanha. No início do ano, Lula publicou: “É importante que os brasileiros acompanhem de perto o que está acontecendo na Reforma Trabalhista da Espanha, onde o presidente Pedro Sanchez está trabalhando para recuperar direitos dos trabalhadores”.
Marinho também citou o exemplo espanhol e defendeu a criação de uma nova legislação. “É preciso dialogar com vários agentes da sociedade e criar uma nova legislação, para que os trabalhadores tenham de volta direitos que foram retirados. Agora, isso não significa dizer que a legislação trabalhista será igual à anterior”, comenta.
O dirigente utilizou uma metáfora para contextualizar: “Uma casa que é destruída e precisa ser erguida novamente, nunca é planejada para ser idêntica à estrutura que foi demolida. Ela será reconstruída, mas com mudanças”, explica.
Haddad será candidato
“Retirar a candidatura do Haddad não está em debate. Ele disputará o governo do estado”, confirmou Marinho, ao ser questionado pela reportagem sobre a possibilidade da candidatura dele ser retirada para viabilizar uma aliança com o PSB.
“O Lula não pode ficar sem a candidatura do Haddad”, opina, para depois lembrar a postura do ex-governador Márcio França, pré-candidato do PSB, em relação ao PT no pleito passado. “Vocês lembram a postura dele na última eleição. Nós precisamos de um candidato que seja firme, uma candidatura puro sangue”, ressalta.
Ele pondera que o PT busca formar o maior número de alianças possíveis e que o partido está aberto a negociar o apoio ao PSB em Pernambuco e no Espírito Santo, por exemplo. Mas em São Paulo, não.
De olho nos parlamentos
Luiz Marinho é pré-candidato a deputado federal e desponta como uma das candidaturas mais fortes do estado para as eleições deste ano. Marinho, que também foi prefeito de São Bernardo do Campo, destaca que o PT está empenhado em formar uma grande bancada na Câmara dos Deputados e também na Assembleia Legislativa de São Paulo.
“Precisamos fazer o valer o Parlamento. Ampliar as bancadas será fundamental para reconstruir o País”, define. Ele afirma que o PT de São Paulo buscará dobrar as bancadas no pleito deste ano (na última eleição, o partido elegeu oito deputados federais e dez estaduais).