Um dos mercados que mais cresceu e cresce no verão brasileiro, o da cerveja 

Por Cristiane Mancini*

De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio o consumo em 2020 foi de 19,6 bilhões de latas de cerveja, 16% a mais quando comparado ao ano anterior, justificado pelo consumo em domicílio em pandemia, isto é, muito mais latinhas do que em long necks em bares e restaurantes.

Foto: Arquivo pessoal

Se tratando de marcas, as mais vendidas e consumidas no Brasil são a Skol (Ambev), em seguida a Brahma (Ambev), em terceiro a Antarctica (Ambev), em quarto, a Schin (Heineken) e por fim, a Itaipava (Petrópolis), mas o Brasil possui uma infinidade delas inclusive as artesanais.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento foram registradas 1.383 cervejarias em 2020 (último dado disponível), um aumento de 14,4 % sobre o ano anterior.

O Brasil é o terceiro maior fabricante mundial de cerveja, produzindo 13,3 bilhões de litros. Os primeiros lugares são ocupados pela China com 46 bilhões e pelos Estados Unidos com 22,1 bilhões. 

Essa indústria gera R$ 77 bilhões em faturamento, o equivalente a 2% do PIB nacional e 14% do PIB da indústria de transformação brasileira.

Contribui de forma significativa na arrecadação de impostos, por volta de R$ 25 bilhões e gera mais de 2 milhões de empregos diretos, indiretos e induzidos no País. Não muito diferente de outros setores no Brasil, ao mesmo passo que arrecada, a carga tributária impacta em 56% no preço final da cerveja (a carga mais elevada de toda a América Latina), mas não inibe o consumo do brasileiro.

Para a produção da cerveja são necessários dois insumos produtivos de suma importância, o lúpulo que conta com 109 produtores por todo o País e a cevada (matéria prima do malte) sendo 68% totalmente importada.

De acordo com a Abralatas, atualmente se produz 32 bilhões latas ao ano. Por conta desse número, o Brasil se posiciona como um dos maiores recicladores desta embalagem no mundo, isto é, reciclando 97% do que produz, o equivalente a 400 mil toneladas ao ano, envolvendo mais de 800 mil catadores. Sem eles, essa indústria não seria a mesma (as latas de alumínio são compostas de bauxita e alumina e de forma simplória, resultam no alumínio primário e não existem mais reservas suficientes e se não fosse o trabalho dos recicladores que dão sobrevida para esses materiais, tornando-os as latas reutilizadas, dificilmente os brasileiros continuariam consumindo as cervejas da forma que mais preferem, que são por meio das latinhas).

Para finalizar, trago um outro dado importante: o brasileiro gasta o equivalente a 16% do salário mínimo em cerveja. Baseando-se no salário mínimo de 2022, gira em torno de 200 reais ao mês somente em cerveja. Para alguns pode parecer muito, para alguns pouco. Deixo aqui uma reflexão. O que acham?

*Cristiane Mancini é economista e mestre em economia pela PUC-SP, docente universitária e autora de livros sobre Economia.

27 de janeiro de 2022